Um vídeo, que viralizou nas redes sociais, mostra o momento exato em que o cabo da Polícia Militar Alexandro Aparecido dos Santos, de 36 anos, foi baleado e morto durante uma abordagem policial, no bairro Novo Horizonte, em Rio Branco, na segunda-feira (15).
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No primeiro momento, a PM informou que Kennedy Silva Magalhães teria roubado a arma do cabo e atirado contra ele. Porém, a defesa do acusado nega e diz que vai usar o vídeo a favor de Magalhães.
No vídeo em que o G1 teve acesso, é possível ver quando os policiais abordam Magalhães e o momento em que reage e tenta fugir. Em seguida, inicia-se um tumulto com os PMs e é possível ver que o cabo Santos cai, mas não aparece quem atirou. A arma, em seguida, é jogada próximo ao corpo do PM.
O advogado de defesa do acusado, Romano Gouveia, diz que as imagens foram feitas pela família do preso e vazaram na internet. Segundo ele, o vídeo foi apresentado em juízo e vai compor a defesa de Magalhães.
"Vamos requerer a perícia e vamos ver se há resquício de pólvora na mão do Kennedy. Porque o que fica claro é que houve um tumulto. Totalmente diferente da primeira acepção da polícia, que alega que ele roubou e atirou contra o PM", diz.
Gouveia também revela que o fechamento do inquérito da ocorrência se deu às 22h30 e contesta a demora do procedimento.
O assessor da PM, Felipe Russo, contesta a versão da defesa e garante que o tiro foi efetuado por Magalhães. "Ainda não foi feito um trabalho para confirmar se foi de um PM ou do acusado. Mas, temos convicção de que não foi um PM e o rapaz, inclusive, assumiu que disparou. Isso é uma falácia, um boato que estão inventando para tirar a responsabilidade dele e a gente repudia veemente. Estamos convictos que ele efetuou esse disparo, a arma saiu da mão dele", garante.
O comandante da PM, coronel Júlio César, acompanhou o velório do cabo e disse que não cogita erro da PM. "A principio, não vemos erro, vimos a ação de um criminoso. Fazemos milhares de abordagens e essa é a primeira vez que isso acontece no meu comando. Ele terá a honra de um herói, que saiu para defender a sociedade e não retornou com vida", finaliza.
Acusado teria oficializado denúncia contra PMs
O advogado Gouveia, que defende Magalhães, diz ainda que a família alega que o acusado sofria perseguição e agressão por parte de alguns policiais militares. A defesa diz ainda que os policiais foram até casa de Magalhães porque seu pai iria para um audiência na corregedoria.
"Ele [acusado) trabalha, tem carteira assinada, mas é dependente químico. A família alega que outros PMs agrediram ele e o perseguiam. Tanto que um senhor que trabalha na corregedoria aparece no vídeo porque foi intimar o pai do Kennedy a comparecer na audiência", diz.
A defesa diz ainda que o acusado, apesar de ter problemas com droga, não trafica entorpecentes. "Mas, lembramos que a lei difere o usuário do traficante. Os usuários são escravos do vício e a sociedade deve combater os tubarões do tráfico", destaca.
O capitão Felipe Russo, da PM, confirmou a denúncia na corregedoria, mas fez questão de ressaltar que o cabo morto não estava envolvido neste episódio. "Outra guarnição foi alvo de denúncias, mas são fatos que policias que trabalham certo estão suscetíveis", explica.
Entenda o caso
O cabo Alexandro Aparecido dos Santos, de 36 anos, da Polícia Militar (PM) foi morto com um tiro no pescoço durante uma abordagem a três pessoas no bairro Novo Horizonte, em Rio Branco. Um dos homens que foi abordado reagiu à ação, iniciou uma luta com policiais, conseguiu pegar uma das armas a acabou dando um tiro que vitimou o PM.
A polícia informou que dois dos envolvidos foram presos no momento da ocorrência, incluindo o que efetuou o disparo. O terceiro homem conseguiu fugir do local. Ao reconhecer o corpo do marido no Instituto Médico Legal (IML) a mulher do cabo, Nara Aline Santos, de 25 anos, passou mal.
A Polícia Militar divulgou uma nota lamentando o ocorrido. "Em solidariedade à família, amigos e integrantes da corporação, o governo do Acre publicou nota de pesar pela morte do PM. O governo ressalta que o policial foi morto durante o exercício da profissão e combatendo a criminalidade.
O documento diz ainda que o PM possuía conduta ilibada e nunca houve processo contra ele na corregedoria da instituição. "A sociedade acreana perde um defensor da ordem pública que, na condição de policial militar, lutou até o fim contra a criminalidade", finaliza a nota.